Esta instituição tinha a aparência de regular a fonte do dinheiro
e ser uma instituição pertencente ao governo, mas estranhamente não se permitiu
a nenhum governador ou servidor público ingressar à Junta Diretiva.
O governo deixou de pedir emprestado diretamente de Fabian, mas
começou a usar um sistema de Bônus contra a Reserva Central de Dinheiro. A
garantia oferecida era a renda estimada dos impostos do ano seguinte. Isto ajustava-se com o plano de
Fabian -afastar as suspeitas de sua pessoa e desviar a atenção para uma
aparente instituição do governo. Por
baixo do pano, ele ainda tinha o controle.
Indiretamente, Fabian tinha tal controle sobre o governo que este
era obrigado a seguir suas instruções. Fabian costumava gabar-se: "Deixem-me
controlar o dinheiro de uma nação e não me importo com quem faz suas leis".
Não interessava muito que partido era eleito para governar. Fabian tinha o
controle do dinheiro, o sangue vital da nação.
O governo obtinha o dinheiro, mas o juros foram se acrescentado
sempre em cada empréstimo. Cada vez mais se gastava dinheiro em esquemas de
previdência e em seguros de desemprego, e não muito tempo depois, o governo se
viu com dificuldades até para pagar os juros, sem falar do capital.
No entanto, havia mais pessoas que se perguntaram: "O
dinheiro é um sistema feito pelo homem. Com certeza pode-se ajustar o sistema
para pô-lo a serviço das pessoas, e não que as pessoas estejam a serviço do
dinheiro". Mas cada vez havia menos pessoas que se faziam essa pergunta e
suas vozes se perderam na louca procura do dinheiro inexistente para pagar os
juros.
Os governos mudaram, os partidos políticos mudaram, mas as
políticas de base continuavam. Sem importar que governo estava no
"poder", o objetivo final de Fabian aproximava-se mais e mais cada
ano. As políticas das pessoas não significavam nada. As pessoas pagavam com
esforço os impostos, não podiam pagar mais. Amadurecia o momento para o
movimento final de Fabian.
Dez por cento do dinheiro ainda estava sob a forma de notas e
moedas. Isto tinha de ser eliminado de tal maneira que não despertasse
suspeitas. Enquanto, as pessoas utilizassem dinheiro de contado, seriam livres
de comprar e vender como quisessem -as pessoas ainda tinham algum controle
sobre suas próprias vidas.
Mas não era sempre seguro carregar notas e moedas. Os cheques não
eram aceitos fora da comunidade local, e portanto, procurou-se um sistema mais
conveniente. Fabian tinha a resposta outra vez. Sua organização deu um pequeno
cartão plástico a cada um onde mostrava-se o nome da pessoa, a foto e um número
de identificação.
Em qualquer lugar onde esse cartão fosse apresentado, o
comerciante telefonaria para o computador central para controlar o crédito. Se
tinha crédito, a pessoa poderia comprar o que desejasse; até certa quantidade.
No início, permitira-se que as pessoas gastassem uma quantidade
pequena em crédito, e se ele era pago dentro do mesmo mês, não incidia juro
nenhum. Isto estava bem para os assalariados, mas o quê aconteceria com os
empresários?. Eles tinham que instalar máquinas, fabricar as mercadorias, pagar
os salários etc. e vender todas suas mercadorias e logo depois pagar o crédito.
Se excediam a um mês, eram taxados em 1,5% por cada mês que a dívida era
acumulada. Isto chegava a 18% ao ano.
Os empresários não tinham nenhuma opção aliás de acrescentar 18%
sobre o preço de venda. Mas todo esse dinheiro ou crédito adicional (18%) não
tinha sido emprestado a ninguém. Em todo o pais os empresários tinham a
impossível tarefa de pagar $118 por cada $100 que pediram emprestados -mas os
$18 adicionais nunca tinham sido criados no sistema. Não existiam.
Fabian e seus amigos elevaram ainda mais sua posição social. Eram
considerados pilares de respeitabilidade. Suas declarações em finanças e
economia eram aceitas com convicção quase religiosa.
Sob a carga de impostos cada vez maiores, muitas pequenas empresas
derrubaram-se. Licenças especiais eram necessárias para várias operações, de
maneira tal que para as empresas restantes fosse muito difícil participar.
Fabian possuía e controlava todas as grandes companhias que tinham centenas de
subsidiárias. Estes pareciam competir entre si, no entanto Fabian controlava
todas elas. Eventualmente, todos os outros competidores foram forçados a fechar
suas portas. Os encanadores, os carpinteiros, os eletricistas e a maioria das
indústrias pequenas sofreram igual destino -foram tragados pelas companhias
gigantes de Fabian que tinham proteção do governo.
Fabian queria que os cartões plásticos substituíssem as notas e as
moedas. Seu plano era que quando todas as notas fossem retiradas, somente os
negócios que utilizassem o sistema de cartões ligados ao computador central
poderiam funcionar.
Ele planejou que se alguém eventualmente perdesse seu cartão,
estaria impossibilitado de comprar ou vender qualquer coisa até que se
demonstrasse sua identidade. Ele queria impor uma lei, que lhe desse um
controle total -uma lei que obrigasse a todas as pessoas a terem seu número de
identificação tatuado na mão. O número seria visível somente sob uma luz
especial, ligada a um computador. Cada um desses computadores estaria conectado
ao computador central gigante e assim Fabian poderia saber tudo sobre todos.
A propósito, a terminologia usada no mundo financeiro para este
sistema é "Reservas bancárias" (Fractional Reserve Banking). (NdoT:
É um sistema onde os bancos privados e o banco central têm o monopólio do poder
para gerar moeda corrente. O valor total dos depósitos em um banco, e portanto
a quantia total de moeda que pode ser gerada por um banco, está limitado por um
múltiplo das suas reservas. O banco central supervisiona os bancos privados
para garantir que as reservas serão mantidas no nível requerido ou por cima
dele.
A história que você acaba de ler, evidentemente, é ficção.
Mas, se você achar que é preocupantemente real e quer saber quem é
Fabian na vida real, um bom começo seria um estudo das atividades dos ourives
ingleses nos séculos XVI e XVII.
Por exemplo, o Banco
da Inglaterra começou em 1694. O rei Guilherme de Orange estava em
dificuldades financeiras como resultado de uma guerra com a França. Os ourives
"emprestaram-lhe" 1,2 milhões de libras (uma quantidade
impressionante naqueles dias) sob determinadas condições:
Os juros seriam 8%. Lembre-se que a Carta Magna indicava que
cobrar juros era crime passível de morte. O Rei devia conceder aos ourives uma
carta para o Banco que lhes dava o direito de emitir crédito.
Antes disso, suas operações de emitir recibos por mais dinheiro do
que tinham depositado eram totalmente ilegais. A carta do rei tornou-as legais.
Em 1694 William Patterson obteve a carta para o Banco da
Inglaterra.
© Larry Hannigan, Australia
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